Conheci a artista Ana Maria Tavares na faculdade de Artes Plásticas (ECA/USP), ela orientou minha iniciação científica e me abriu a possibilidade de incluir o corpo, o movimento e seus questionamento para dentro de minhas obras e pesquisas. Foi nesse período também, em 2008, que fiz a primeira assistência para Ana Tavares em Sonsbeek: grandeur. Este foi um trabalho de caráter instalativo, performativo e de participação: uma rede grande, depois de produzida artesanalmente pela comunidade sob orientação da artista, foi levada num grande cortejo pela cidade. Enquanto no parque da cidade esculturas foram instaladas.

Dessa experiência frutífera, outros trabalhos de assistência vieram, tanto na Holanda, quanto mais tarde, de 2013 até 2015, no Brasil. Das várias produções dela que acompanhei, gostaria de falar de Natural-Natural: paisagem e artifício. Um grande projeto de exposição produzida, assim como em Sonsbeek, por muitas mãos. Em Natural-Natural participaram artesãs, designers e pesquisadores do Ceará.

Essa complexidade que mora e vai se revelando aos poucos no trabalho de Ana Tavares talvez seja um dos pontos de grande aprendizado dessa parceria. O trabalho é pra ser visto mas é para ser investigado, deve se questionar o olhar. Também a escala, as mãos dadas para trabalhar muito e com muitas pessoas em grandes espaços e no espaço público. O artesanal e o industrial, ou, o que pode haver de artesanal na indústria… Foi com ela também que aprendi muito sobre o ofício de ser artista, os desafios e muitas camadas que envolvem essa profissão, principalmente sendo uma artista mulher brasileira.

Natural – Paisagem e Artifício – catalogo web